domingo, 28 de dezembro de 2008

ilimitado, parte 1

Depois de alguns anos, muitos anos, o nome é algo que se perde, não que não fosse importante, mas com o passar de tanto tempo simplesmente não é mais percebido sua importância, seja por choque de culturas ou uma memória fraca.

E quando chega nesse tempo, se alguém pergunta o seu nome, você é obrigado a dizer o primeiro nome que vem a cabeça, que, muito provavelmente, não será o primeiro nome que lhe foi dado. Então em resposta diz "Bob".

Guerra...

-Então? Não vai me dizer? Qual o seu nome?
-Bob.
-Bob? Pode me chamar de David.

Com o passar do tempo não é dado muita importância ao nome, mas a amizade, sim a amizade, ela que nem todos dão muita importância. A amizade é importante, porque graças a ela é possível suportar o fardo do tempo. E como a amizade surge de pessoas que menos esperamos, fiquei amigo de um David, justamente naquele tempo que se pensava apenas em morte e casa.

Mas o que eu estava realmente fazendo ali mesmo? Por acaso me importava quem perdia ou ganhasse? Não, não me importava realmente, mas mesmo não me importando e com bastante tempo livre, uma guerra ocuparia o meu tempo.

Então pegar uma arma e matar outras pessoas? Não, já desisti dessa idéia muito antes da primeira. Nesta grande segunda sou um mero mensageiro, assim influencio o mínimo possível o resultado e deixo os responsáveis seguirem a sua sorte.

-Então? Chegou mais alguma carta dela?
-Infelizmente não, mas acho que logo chegará.
-Certo, então ti entregarei outra carta mais tarde.

Mais um de muitos que não teve escolha. David veio para guerra, veio por burrice ou patriotismo, mas infelizmente veio. Deixando perto de sua casa uma garota que provavelmente o amava. Posso dizer, com certeza, ele a amava.

Muitas cartas iam e muito poucas voltavam, mas as que voltavam pareciam que continham a resposta para a felicidade eterna. Assim, David amigo, contava e sorria sobre ela e com certeza pensava mais em casa do que em morte.

Então..., ataque!

Veio um ataque, feridos... alguns, mortos... todos que não estavam bem protegidos, exceto um. E este gritava desesperado por ajuda.

Não ajudei, mesmo não me importando com uma falsa morte, apenas não queria brincar de estatua. Quando olhei para David, já estava estampado em sua cara o ato que no momento pareceria heróico, mas que estava claro como seria o seu final.

-Vou salva-lo.
-...não!

Não deve ter nem escutado minha resposta. Mas realmente não importou se o seu ato teria ou não salvado o homem. Graças ao avião que passava, eu teria de brincar de estatua por algum tempo.

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