sábado, 3 de janeiro de 2009

ilimitado, parte 4

Lá estava ele parado, com sua roupa fora do tempo, admirado com tudo ao seu redor.

-É você? - Me perguntou, demonstrando que ainda era inexperiente.
-Sim, mas o que está fazendo aqui?
-Vim pedir seu conselho.
-Conselho?
-Sei que é uma decisão minha. Muitos escolhem a neutralidade, mas eu quero fazer diferente. Eu quero tentar melhorar o mundo. - Disse-me com uma voz confiante.
-Sim, é sua decisão. Eu escolhi não interferir, mas a escolha é totalmente sua. Apenas não se arrependa das escolhas tomadas.
-Este é o seu conselho? - Falou decepcionado.
-Você está em sua primeira vida?
-Sim.
-Então viva ela. Você, acima de tudo, é humano, cometeu e cometerá erros. Assim é a vida e todos, até os que não precisão se preocupar com o tempo, precisam vive-la.

E então sorrindo disse - obrigado - e voltou para o seu tempo.

Nunca achei que conheceria meu sucessor e nunca pensei que teria um. Sei que eu não sou o primeiro, mas agora sei que não serei o último.

Almocei, tive mais uma aula e fui para minha casa que ficava alguns quarteirões da universidade. Chegando a minha casa, tomei banho e liguei o rádio. A guerra era o assunto principal e adormeci com tal assunto.

Acordei com uma perturbação. Algo que nunca tinha sentido antes. Como se uma parte do mundo tremesse e milhares de vozes alegres dessem lugar ao silêncio. Esta perturbação vinha de muito longe e fui, imediatamente, para o lugar de origem dela.

Uma estranha nuvem estava no céu e ao seu redor escombros do que antes existia ali. Vi cinzas, esculturas humanas, mortos e semimortos por toda a parte. Não acreditei no que meus olhos me mostravam.

Quem poderia ter feito isso? Seria possível que alguém ou algo possa ter vindo para o meu mundo? Perguntas que poderiam ser respondidas pelo avião que avistei no céu.

Li a mente do piloto e ele também estava assustado. Descobri também algo que não imaginei. O responsável era humano.

Pensei que tinha me acostumado com a guerra. Mas nunca, em todas as guerras que participei, presenciei tão horrendo cenário e também nunca tinha lido sobre algo tão devastador e covarde.

Então uma informação me assustou ainda mais. Haverá outro ataque.

Então eu ficarei olhando tamanha devastação acontecer novamente? O que farei? Poderia impedir, mas prometi que nunca mais interferiria nas ações do homem.

Meu sucessor quer mudar o mundo. Será que ele presenciou tamanha destruição em seu tempo? Será que eu deveria interferir mais uma vez na história? Tantas dúvidas.

Fui para a lua e lá, pensando, permaneci dois dias.

Me decidi. Não tinha certeza de minha decisão, mas esta era a minha decisão.

Chegou o dia do segundo ataque. Lá estava o avião com sua bomba da morte. Ele a soltou e eu fiz o que achava correto. Não iria interferir, mas não deixarei que eles sofram em sua morte.

Deixei inconsciente todos os que seriam atingidos. Imóveis, sua última lembrança foi o avião que passava no céu.

Mortos, todos mortos. Ver o resultado da explosão não se compara com presenciar suas mortes.

Teria tomado a decisão correta? Não, provavelmente não. Sou covarde, pois temo minhas decisões e suas conseqüências.

Olhei para o futuro. Vi mais guerras, mais mortes e fome. Vi ações sem, aparente, sentido. O mundo estava mudando e, aparentemente, não estava preparado para essas mudanças.

E então me lembrei do meu sucessor. Estava claro, para mim, o motivo de seu surgimento e a decisão que iria tomar.

Então falei para eles:

-Irmãos que não conheço aqui me despeço. Mas antes de descobrir algo que, até nós, não sabemos, peço um último favor. Meu mundo esta mudando e temo como o meu sucessor se comportará nele. Por favor, enviem alguém para aconselhá-lo quando sua jornada iniciar.

Soube imediatamente, por instinto, que meu pedido foi escutado e aceito. Agora minha longa jornada poderá terminar. Deixarei que o novo mundo que inicia seja também o berço de um novo ser ilimitado.

Um comentário:

  1. ei,

    crueldade sabia... não terminar de contar e ainda por cima me deixar com gostinho de quero mais...

    trate de escrever logo, ou sinta a fúria dos Deuses Nórdicos!!

    =] Geo. A.

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